Série Presidenciáveis: Vera Lúcia


Vera Lúcia (PSTU) possui plataforma assumidamente socialista, de viés trotskista, e defende as pautas que os partidos de esquerda de maior adesão popular no país são impelidos a ocultar ou, ao menos, pregar mais discretamente, em virtude da necessidade de pragmatismo para captar o eleitor mediano. Seu principal slogan faz apologia a uma revolta popular contra a economia de mercado e as tradições ocidentais do Brasil, ditas burguesas.

O partido do qual faz parte se originou de uma dissidência do PT na década de 1990. Suas diretrizes programáticas se fundamentam no marxismo primitivo, pautado essencialmente em premissas econômicas frágeis, como a mais-valia e a teoria do valor-trabalho, postulando que há exploração da classe trabalhadora por parte dos patrões pelo fato de estes auferirem lucro da atividade produtiva a qual comandam, que por sua vez é oriundo do excedente financeiro sobre a remuneração salarial dos empregados, obtido por meio da venda de mercadorias, cujo valor provém da quantidade de trabalho utilizada em sua produção. Tal tese foi cabalmente suplantada pela Teoria da Utilidade Marginal, que se tornou consenso básico no debate econômico sério em todo o mundo, explanando que o valor atribuído às mercadorias é subjetivo, dependendo da interação entre oferta e demanda e das preferências individuais dos consumidores, pautados na utilidade que os bens lhes trarão. Logo, a força de trabalho, sendo uma mercadoria, também é valorada com base em tais critérios.

As propostas de sua plataforma denotam total desconexão com as leis econômicas e restrições impostas pela realidade, se resumindo ao isolamento comercial e a boicotes ao cumprimento dos contratos, como o que compromete a União a realizar o pagamento da dívida por ela adquirida. A concretização de suas diretrizes geraria o caos no país e o conduziria ao estabelecimento de uma ferrenha ditadura. E sendo adepta da visão de Leon Trotsky a respeito do socialismo, defende a expansão do regime para além das fronteiras nacionais, almejando instalar o governo centralizado a nível global para unificar as manifestações revolucionárias e inibir o messianismo personalista de rebeliões localmente restritas.

Visando ao fim do regime democrático mediante cerceamento categórico dos direitos fundamentais que sustentam a liberdade individual, tal candidatura é advinda do padecimento gradual das instituições nacionais, que, influenciadas em grande parte pelo viés socialista, frutificaram uma enorme massa de cidadãos que não constatam o teor destrutivo inerente ao conteúdo programático de boa parte daqueles que se dispõem a governá-los, cuja presença no debate público é moralmente intolerável. A presença de alternativas como a de Vera no cenário eleitoral serve de instrumento para imputar moderação aos seus mais discretos correligionários, que, estando no poder e enfrentando oposição majoritariamente interna, concretizam as etapas revolucionárias com pragmatismo e roupagem mais moderna.


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